quarta-feira, 14 de novembro de 2012

   
     Bahia, 27 de Setembro de 1940.
     Senhor Jorge Amado,
    Me faltam palavras para agradecer o que o senhor fez por nós. Eu, em nome do grupo, resolvi escrever esta carta para parabenizar e ao mesmo tempo dizer o quanto ficamos felizes por nos representar nesta grandiosa obra, "Capitães da Areia". Falo em nós, porque sou um destes meninos de rua que o senhor cita e tenho uma proposta a lhe fazer.
     Muitos acham que somos apenas ladrões, mas não, mesmo as pessoas não acreditando sou um leitor ativo, aprendi a ler e a escrever com o padre da igreja aqui ao lado do trapiche e consegui este seu livro durante a queima dos exemplares na praça da cidade. Que desperdício, um livro tão rico e eles jogam fora.
   Nela o senhor representa muito bem nossa situação. Quando resolvemos fazer algum tipo de atividade, logo logo aparece uma pessoa para nos proibirem, esta tal falta de liberdade nos deixa um pouco raivosos e acabamos nos cobrando através do roubo, mas o senhor sabe como é o nosso dia a dia, né? Proíbem muito, mas ajudar que é bom, são raras as exceções.
    Como falei que sou um leitor e gosto muito disso, estou lhe pedindo em forma de doação outras obras para eu e os meninos daqui apreciarmos, já que na biblioteca da cidade nos proíbem de entrar e até mesmo de chegar perto e pisar naquela grama verdinha. Penso em colecionar livros, aqui no trapiche, de autores modernos que retratam a realidade, se é assim que se fala.
     Depois de fazer esse pedido, fico aguardando sua resposta, pois eu e os meninos iremos divulgar essas maravilhosas obras mesmo nos proibindo de andar pela cidade, e ao mesmo tempo o senhor também, pois já andei sabendo, lendo num destes jornais encontrado no lixo, que teve que fugir desta "ditadura" terrível, em que falar a realidade é proibido; porém iremos fazendo essa divulgação do nosso jeitinho para agradar ao nosso criador, mesmo que "sem lenço e sem documento" nós vamos.
     Desde já, obrigado.
     Capitães da Areia.


Cristiane de Oliveira

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Somos ou estamos corruptos?

      
      A corrupção está presente nas mais diferentes civilizações ao longo dos anos, sejam democracias, ditaduras ou qualquer outro tipo de governo. No Brasil, sabe-se que desde a descoberta pelos portugueses, convive-se com as mais diferentes práticas ilegais, ainda com toda essa tradição, impressiona a quantidades de comportamentos desonestos não só pelos presidentes, senadores, entre outros, mas também pela sociedade.
     Independente dessas formas de governar, a sociedade esta sendo abalada por diferentes exemplos de atos ilegais. Encontrando então, denúncias frequentes contra políticos, como no Oriente Médio, que desde 2010 a população comete atos, como revoltas, para tirar seus governantes do poder. Não percebe-se, no entanto, que o dia a dia está repleto de imoralidades praticadas não só pelos políticos, mas pela humanidade o tempo todo.
      Um primeiro modo de corrupção a ressaltar é a falta de cumprir com a ordem normativa, ou seja, as normas e valores para o comportamento em sociedade. De fato, orientações familiares, religiosas ou morais não são muito eficazes na função de inibir comportamentos transgressores.
      O ato de furar fila, guardar no bolso o dinheiro achado em carteira perdida e identificada, ligar do telefone da empresa para resolver assuntos de interesse particular e até mesmo colar na hora da prova, são exemplos desse comportamento cometidos pela população, e mesmo assim continuam achando que apenas os políticos são errados pelo fato de governarem uma nação. A corrupção é apenas uma questão de oportunidade, logo deve-se rever os conceitos de ética social.
      Enfim, não somente os políticos são corruptos, as pessoas em geral também são, quando corrompem e quando se calam frente à ela. Mas, há que se criar o hábito de respeitar as regras em casa e nas pequenas atitudes, é essa uma maneira de diminuir com esse comportamento transgressor.


Cristiane de Oliveira

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Conquistando o espaço

     
     A imagem de submissão esteve ligada a nós mulheres durante a história. Muitos foram os casos que contribuíram para aumentar nossa posição de inferioridade, como na Idade Média que fomos chamadas de bruxas, mas isso não impediu que muitas de nós vencessem esses preconceitos atribuídos durante os tempos.
   Durante a Idade Média, as mulheres foram classificadas como: prostitutas, bruxas que eram as mulheres que iam contra a Igreja pelo seus atos; e as santas, as que seguiam o molde da Virgem Maria que era o modelo que achavam que deveria ser seguido, pois buscar conhecimento custou à vida de muitas mulheres naquela época.
    Na Idade Moderna, não foi muito diferente. Pensadores, como Rousseau, que no século XVIII, disseram que a mulher é destinada ao casamento e a maternidade entre outros comentários, e temos exemplos de que a mulher é muito mais que isso.
     Tais exemplos como: Manal al-Sharif que em 2011 quebrou o silêncio das mulheres que eram proibidas de dirigir na Arábia Saudita, gravando um vídeo dirigindo e colocando-o na internet, muitas mulheres que assistiram o vídeo fizeram o "dia de dirigir"em 17 de junho daquele ano; aqui no Brasil temos a nossa presidenta Dilma Rousseff que conquistou o cargo nas eleições de 2010 e Anita Garibaldi a "heroína de dois mundos".
    Hoje nos sentimos mais aliviadas com a conquista de vários direitos como o mercado de trabalho, apesar de ainda haver preconceitos não só com as mulheres, mas com outros grupos de minoria como negros, sem terra, homossexuais, entre outros. Pensar na igualdade pode não ser uma tarefa fácil, mas acredita-se ser uma forma possível na conquista dos direitos humanos e na diminuição dos preconceitos para as próximas década


Cristiane de Oliveira

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pelo menos amenizar

       A maioria das mulheres ao engravidar, sonha com o bebê perfeito, e logo que se depara com um médico avisando que o filho tem anencefalia, só ela sabe o sofrimento emocional passado no momento. Agora com a legalização do aborto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), cabe a ela decidir ou não ter o filho, mesmo com as duras críticas da Igreja e opositores.
      O sofrimento é grande para  estas que têm filhos com problema físico. Com avançadas técnicas na medicina, como o pré-natal, tem reduzido o problema, mas mesmo com toda tecnologia, bebes anencéfalos podem vir ao mundo causando dores emocionais para os pais, pois já se sabe que é difícil uma criança com parte do cérebro não desenvolvido, ter muito tempo de vida.
      Estes sofrimentos durante a gestação são e eram pouco suportados e sem a legalização deste assunto polêmico, as mulheres rumavam para pessoas inexperientes para fazer o aborto clandestinamente e em alguns casos ocorria o óbito da genitora. Então, o poder público resolveu mudar a situação, pois os casos de clandestinidade eram muitos e ainda existem, deixando para mulher optar pela interrupção da gravidez, para que esta seja feita de forma um pouco mais segura.
       Apesar da Igreja e opositores desta lei impor seus protestos e razões como: todo ser humano deve ser aceito porque são todos iguais e que aborto também é crime, eles não devem fazer com que todos sigam suas decisões sobre o assunto, pois a Organização Mundial da Saúde disse que a prática de aborto clandestino é maior nos países em que ele é proibido, logo deveria sim ser legalizado.
       Com isto, fica a opção para cada mulher e família decidir esta questão que é tão complicada e que afeta o emocional e o físico, pois aborto clandestino pode comprometer mais a vida tanto da genitora como do feto e o STF já deu a base com a legalização, para que os riscos sejam pelo menos amenizados.


Cristiane de Oliveira

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Não quero acreditá-lo

     
     Parando para pensar no meu maior pesadelo, me recordo do que tive esta noite, em que um grande lobo me perseguia... Não, isso seria um pouco brega e não serviria para realidade em que vivo. Talvez, o meu seja o vestibular, um pesadelo concreto, que acordada ou não é um companheiro constante ou quem sabe a acne, mas seria um tanto vago e egocêntrico eu pensar apenas em mim. Pode-se dizer então que deveria pensar no pesadelo do jovem brasileiro, apesar de que a maior parte deles tem o pesadelo individual como o meu.
     Começando com os estudantes da década de 60 que num momento de repressão lutavam para não perder a liberdade de expressão, como no período da ditadura militar, em que a censura era rígida, por isso lutavam contra o governo para não perderem-na. E hoje ainda existem muitos jovens que não se calam diante da democracia velada ou talvez embutida numa sociedade em que a liberdade não deixou de ser a "Ordem e Progresso" de décadas passadas.
     Junto a isso, temos o medo de fracassar, só de pensar que tudo aquilo que sonhamos não foi alcançado, planos e sonhos não realizados, nos fazem temer, talvez criar muitas fobias, às vezes ocasionados pelo remorso da nossa falta de dedicação. Ter o desejado alcançado com sucesso é o sonhos, já o contrário nos deixa com calafrios.
      Muitos desses medos são apenas passageiros, no entanto, podem se tornar uma "paranoia juvenil", quando temos um, logo já vem outro para nos deixar nervosos, talvez, o meio capitalista esteja nos engolindo com o desejo eterno de vencer, quando nem sempre a competição nos faz bem.
      Sobretudo os jovens possuem muitos pesadelos em comum, como talvez seja o vestibular ou o fracasso e sem falar na acne que atormenta muito de nós quando estamos com os hormônios à tona, ou seria o chocolate o precursor deles? Acho que devo parar de comê-los, pois a TV insiste em dizer isso, como se o maior pesadelo dos jovens fosse ter espinhas.


Cristiane de Oliveira

sábado, 26 de maio de 2012

Diante da manipulação em massa, posso construir meu próprio eu?

       A influência da mídia em me direcionar qual modelo seguir anda me deixando louca, propagandas, novelas, filmes e até desenhos me dão várias opções de como devo ser, de como devo agir, mas fico a me perguntar: será que preciso agradar a todos?
       Quando crianças, nossos pais são modelos de nossas vidas, o modo como se vestem, nos tratam e até mesmo em suas profissões. Com o passar dos anos buscamos outras referências para seguir, algum modelo ou estilo que possa nos fazer melhores, pessoas que de alguma forma chamam nossa atenção, que é transmitido pelos meio de comunicação, como "bons exemplos" são atores e jogadores de futebol. Já quando somos adultos queremos voltar a ser jovens, mudando em estética e comportamento, querendo seguir os adolescentes atuais.
       Outros, entretanto, desejam reviver uma época em que tudo que os jovens queriam era gritar para o mundo, dizendo que a vida não é como nos mostram e que não devemos nos espelhar neles, e sim como queremos viver. E é nessa época em que escutar o rock me fazia parar e refletir se deveria continuar sendo engolida pela mídia, como a televisão um meio de comunicação em massa.
       No momento em que fiquei pensando nisso, passaram tempos, tanto tempo a querer me transformar e ser novamente a menininha da mamãe ou aquela cantora famosa, mas acredito que não preciso mais disso, tenho que ser apenas eu, dentro da realidade social e não dentro de uma ideologia abstrata.
       Hoje, talvez já com uma ideia pré-definida, após várias experiências vividas e com referências familiares, acredito no meu futuro eu e foi o modelo que escolhi para seguir, pois agradando a mim não preciso de outros modelos e sim de ter muita autoestima e coragem para viver nesse mundo de manipulações.


Cristiane de Oliveira

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Afastando de todos o cale-se

      
        Apenas perdoar e esquecer os crimes através da Lei da Anistia criada em 1979, não foi e não é o suficiente. As verdade dos conflitos, torturas não chegaram até a sociedade, mas se há provas ou indícios por onde eles andam?
       Para alguns o que aconteceu na década de 60 não deve ser revisto, pois com a Lei já foram resolvidos os problemas, mas não é o que todos querem. Durante anos o país deixou de resolver crimes contra a humanidade ocorrida na ditadura, o que não ocorreu nos países vizinhos como a Argentina e o Uruguai que ainda vem julgando torturadores daquela época. Pede-se provas, pede-se a verdade.
       A violência que atingia a todos que não aceitavam o regime mostra a agressividade do sistema implantado no Brasil. O sofrimento de algumas pessoas que perderam suas famílias que eram ou não inocentes são os que mais pedem isso. No filme "Pra frente Brasil", enquanto alguns torciam pela seleção brasileira jogando na Copa do Mundo, Jofre é torturado inocentemente, morrendo deixando a família sozinha e sofrendo. Um cale-se se abateu sobre o povo brasileiro através da Lei e também pelo silêncio dos próprios militares que até hoje não revelam os seu atos e não dizem onde estão os corpos ou as pessoas vivas.
       Enquanto os que tiveram perda sofre, os que não querem falar comemoram. Na última sexta-feira 30 de março, a revista "Carta Capital" trouxe que na quinta-feira daquela semana um evento organizado por militares que se reuniram para comemorar o aniversário da Revolução de 64 e atacar a instalação da Comissão da Verdade, fez com que pessoas saíssem as ruas protestando e representando algum ente que perdeu.
       Comemorar um fato da história que para alguns no Brasil foi a pior das épocas com certeza a sociedade iria às ruas para protestar, como não querem a Comissão da Verdade para revelar o segredo, o povo também tem o direito de aceitar a Comissão e não a comemoração. Querem a verdade, querem ouvir o pedido de perdão, precisa-se da Comissão para saber o que aconteceu, deve haver justiça com todos, com os torturadores e também com os que de algum modo desrespeitaram o Estado naquela época, afastando de todos o cale-se.


Cristiane de Oliveira

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Lobo

     Querer alcançar o poder e o ter mais que os outros, é o que se vive na sociedade atual. Para o filósofo Thomas Hobbes o homem é o lobo do homem, tem os mesmos desejos e necessidades, gerando com isso o estado natural um conflito entre a própria espécie.
     Com o passar do tempo o homem teve e tem um avanço grande em várias áreas. E à medida que avançam em conhecimento e tecnologia rompem sua identidade, seu caráter humano. Pode-se observar no livro "A menina que roubava livros" ou até mesmo na história, durante o governo de Hitler, em que judeus fogem e se escondem para não sofrerem e não serem mortos pelo homem, para que este tenha poder e espaço.
     Outra forma é o dinheiro, que se torna uma ganância e junto uma desigualdade, de se impor e ser melhor. Afetando ainda mais a destruição e aumentando as diferenças com o mesmo, num lugar onde muitos têm pouco e poucos têm muito.
     Mesmo com essas formas de brigas, violência atrapalharem as relações humanas, tem-se a necessidade de uma vida em grupo, pois o homem depende do outro para construir e alcançar o que deseja, seja até mesmo o poder. Esta vida em sociedade é a qual constitui o ser de pensar, tirar conclusões e falar.
     O homem depende do outro, mas a vontade de ser melhor é o que atrapalha, através de guerras ou desigualdades, como foi citado, e é o que diz um trecho da música "O Lobo", interpretada pela cantora Pitty: "Não houve tempo em que o homem por sobre a Terra viveu em paz, desde sempre tudo é motivo pra jorrar sangue cada vez mais, o homem é o lobo do homem".


Cristiane de Oliveira